Nos últimos 20 anos acompanhei alguns processos de aquisições de grandes empresas brasileiras, na sua maioria por multinacionais.
A maioria dos casos resultou em grandes fracassos. Tive a felicidade de participar de um dos poucos casos de sucesso dentre os que acompanhei, vivenciando os primeiros momentos da transição. Neste caso, a transação entre duas empresas nacionais, onde a que foi adquirida deve ter atualmente o dobro do tamanho que tinha no momento da aquisição.
Na maioria dos outros casos, as empresas nacionais adquiridas por estrangeiras são hoje próximo da metade do que aram antes, em alguns casos já nas mãos de outros controladores, e em outros casos caminhando para extinção.
Partindo do princípio que as empresas adquiridas possuíam fortalezas, caso contrário não faria sentido a aquisição, é estranho que tudo tem sido jogado fora.
Porém, existem algumas razões:
Em alguns casos as empresas adquiridas representam percentualmente muito pouco nos negócios do novo controlador. Nestes casos, merecem pouca atenção, e a transição fica nas mãos de profissionais menores do que a tarefa, o que por si já é uma encomenda de fracasso.
No processo de mudanças de gestão, a arrogância dos profissionais que entram nas empresas se soma à conivência silenciosa de parte dos que ficam, contribuindo assim para uma rápida destruição dos valores da empresa. E, sem valores consistentes nenhuma empresa sobrevive.
Além disso, diante das dificuldades características dos processos de transição, muitos optam pela fantasia. Passam a comemorar resultados fictícios, inventam sucesso onde existe fracasso, e seguem em um mundo imaginário. Porém, ao longo do tempo, o mercado dificilmente embarca nesta fantasia.
As empresas perdem valor, e são passadas para frente. Ou continuam derretendo, sem que alguém assuma a responsabilidade pelos fracassos. Boas carreiras profissionais são destruídas, empregos evaporam e funções se tornam inexequíveis.
Até que um belo dia os controladores concluem que este país não tem jeito, e nunca que foram incompetentes no processo de transição.
O país é mesmo estranho, mas na maioria das vezes não pode ser responsabilizado por estes fracassos. É simplesmente incompetência dos que comandam as transições.
Benjamin
Diretor Geral de Projetos
Maximizar Consultoria